Um estudo realizado ao longo de
40 anos pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca, que mostra
que a ligação entre peso e saúde é muito mais complexa do que se
imaginava.
Segundo os resultados, as pessoas que
hoje têm um peso acima do “normal” têm menos chances de desenvolver problemas
cardiovasculares do que há 40 anos. E tem mais! Não existe nada que
indique que obesos morram mais cedo do que pessoas com o peso tido como ideal.
Iniciada em 1976, foram
analisados a saúde e o peso de 100 mil pessoas na Dinamarca.
Comparando os Índices de Massa Corporal (IMC) dos participantes ao longo dos
anos, os cientistas concluíram que o número ideal dessa medida aumentou –
de 23,7 para 27.
O IMC é uma medida de gordura
corporal, resultado de um cálculo simples – a divisão do peso, em
quilogramas, pelo quadrado da altura, em metros. Esse índice, estabelecido em
meados do século 19, serve para classificar as pessoas em três grupos:
as de peso “normal” (com o IMC entre 18,5 e 24,9), as com sobrepeso (entre 25 e
29) e as obesas (acima de 30) – e até hoje, a Organização Mundial de Saúde
assina embaixo.
O estudo de Copenhague, porém,
questiona essa classificação. Quando a pesquisa começou, notou-se que
um IMC de 23,7 era o ideal – ligado a menos riscos de a pessoa desenvolver
doenças cardiovasculares e outros problemas, como colesterol alto e até câncer.
Mas, em 2013, esse número subiu para 27 – ou seja, dentro do grupo de pessoas
consideradas “acima do peso”, ainda havia muita gente saudável. E entre todas
as pessoas, mesmo considerando as “magras”, as que tinham sobrepeso foram as
que morreram mais tarde durante a pesquisa.
Os cientistas foram além: nas quatro
décadas de pesquisas, eles também observaram os efeitos da obesidade na saúde.
Para isso, separaram os 100 mil participantes em pequenos grupos – por gênero,
por histórico de doenças cardiovasculares, por vício em cigarro e em
outras pequenas categorias. A ideia era comparar pessoas com estilos de vida e
características parecidas para que os resultados não tivessem influências
de nada que não fosse o IMC. E a surpresa veio na mortalidade: os obesos que
participaram do estudo não morreram antes das pessoas com peso “normal”. Na
verdade, as idades de morte foram bem variadas e até parecidas em alguns
grupos.
Ainda não se sabe muito bem o
que pode estar causando essa mudança no IMC ideal, mas a melhor hipótese é que
ela tenha a ver com a melhoria da medicina desde a década de 1970 – exames mais
eficientes, remédios efetivos e procedimentos médicos mais eficazes, que
permitem um controle melhor da saúde, mesmo com um IMC maior.
Mesmo assim, fica o alerta: os
resultados não querem dizer que tudo bem comer até explodir. Para os
pesquisadores, estudo só indica que o IMC não é uma boa medida de saúde – ele
precisa ser analisado em um contexto específico, e tem mais a ver com
a cultura alimentar de cada país do que, de fato, com o bem-estar.
Fonte: SuperPride
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